Wednesday, August 15, 2007

Para que serve a Universidade?

Eu tenho lido diversas opiniões a respeito da razões de ser de uma universidade. É certo que sua função variou ao longo dos séculos de existência dessa instituição. Hoje em dia há um novo debate a respeito de sua utilidade num mundo que vem mudando cada vez mais rápido e que exige das pessoas uma agilidade e uma multiplicidade de capacidades que muitos acreditam só serem possíveis de desenvolver numa universidade. Dentro da atual ideologia liberal, em que a capacidade de sobreviver num meio cada vez mais competitivo, se torna uma exigência cada vez mais premente, o papel da universidade parece ser destinado a ser apenas um de uma formadora de mão-de-obra qualificada para o mercado. Nas diversas discussões sobre o papel da universidade um dos motes preferidos daqueles que combatem políticas de assistência estudantil é o de que a Universidade tem como função formar a elite de um país e não de resolver os problemas sociais existentes. Certamente que o papel de formar gente qualificada para os desafios do mundo moderno não pode ser esquecido por uma universidade, mas é preciso também procurar entender como essas pessoas vão se inserir na sociedade e qual o papel delas na mesma. Com certeza uma universidade tem como função principal construir um conhecimento que permita as pessoas entenderem qual o papel delas na sociedade e como podem colaborar para a sua melhoria. De que valeria todo o conhecimento desenvolvido numa universidade se este fosse usado em benefício de uma pequena minoria da sociedade em que essa universidade está inserida? Porque formar pessoas qualificadas, mas com nenhum compromisso de devolver a sociedade pelo menos parte dos benefícios e conhecimentos que adquiriu durante o seu tempo numa universidade? Querer transformar a Universidade num mero apêndice do mercado é empobrecê-la; é rebaixá-la de uma instituição formadora dos melhores quadros de uma sociedade e fazer dela um mero "setor de treinamento", a serviço das grandes empresas.

Thursday, August 09, 2007

Discutindo sobre arte no acampamento

Há dois dias eu estava no acampamento com dois amigos, Sandro e Mariana, que também fazem o curso de história na UFF. Após eu falar sobre um fato ocorrido numa das minhas últimas aulas do período nós três começamos uma discussão sobre o significado da arte e sua relação com a ciência. Segundo a visão do Sandro não havia grandes diferenças entre arte e ciência, no que eu e Mariana discordamos. Foi uma discussão interessante onde colocamos algumas questões interessantes em pauta ao mesmo tempo em que constatamos que muitos estudantes tinham problemas em debater esses assuntos fora de aula, como se as horas de lazer devessem ser gastas apenas com assuntos banais. A verdade é que eu refleti bastante sobre esse assunto e hoje eu diria que se fosse discuti-lo de novo manteria minha posição de que arte e ciência estão em lados bem diferentes. Eu vejo a arte como algo que não é igual para todos. Na minha opinião a arte pode ser identificada a partir de quatro principios básicos: 1 - é uma criação individual. 2 - é uma criação inicialmente desinteressada. 3 - a arte nasce a partir da inspiração de uma pessoa. 4 - a arte não tem como objetivo final uma identificação com a realidade. Sem esses principios o que se chama de arte para mim é apenas um produto. Dessa forma, o que pode inicialmente ser considerado arte pode se tornar um produto a partir de determindado tempo. Da mesma forma, o que é arte para alguns pode ser produto para outros. Quando um artista está escrevendo um livro, compondo uma música, pintando um quadro, ou algo assim, está fazendo arte, mas quando esta fica pronta e o artista, junto com muitas outras pessoas começam a ganhar dinheiro como ela, aí deixa de ser arte para essas pessoas, incluindo quem a criou, e vira um produto. É claro que o produto pode voltar a ser arte se for apreciado de forma desinteressada por alguém, mas aí é caso para uma discussão teórica que eu não tenho embasamento para fazer.

Tuesday, August 07, 2007

Fotos da ocupação da reitoria da UFF

Esta é uma das imagens que estou postando a respeito da ocupação que estamos fazendo na reitoria da UFF. Essa ocupação teve inicio no dia 23 de abril e foi a segunda a ser feita no país durante o primeiro semestre do ano. Essa mesma ocupação ainda está ativa.




Aqui nós temos uma imagem da passeata que foi feita no dia 25 de abril, dois dias após termos iniciado a ocupação da reitoria




Tanto a ocupação quanto a passeata foram as únicas atividades políticas efetivas ocorridas no movimento estudantil da UFF no primeiro semestre. A luta que estas representam ainda estão em pauta. Uma verdadeira política de permanência para os estudantes mais pobres da universidade com uma maior oferta de bolsas de estudo, melhores condições de funcionamento das bibliotecas e do bandejão, contratação de professores e, principalmente a construção da moradia estudantil. A ocupação se mantêm da mesma forma que a luta que esta e o Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI representam.

Thursday, August 02, 2007

Ocupação não pode virar paizagem

Uma colega que atua na mesma bolsa de extensão do que eu me perguntou se a ocupação da reitoria da qual estou participando não está num processo em que se tornou parte da paizagem, se não seria mais produtivo ocupar a frente do teatro. Eu respondi a ela que isso exige uma participação maior dos estudantes. No entanto, é inegável que a questão colocada por ela tem relevância. É certo que precisamos agitar mais aquele espaço para tornar a nossa presença lá mais efetiva e que gere um incômodo de verdade à reitoria. O que eu posso dizer é que essa idéia já está amadurecendo entre nós que estamos fazendo essa ocupação; da mesma forma que instituimos uma atividade permanente no acampamento do Gragoatá todas as quintas é urgento fazer algo parecido na reitoria. No entanto, é importante também que os estudantes se mostrem mais atuantes em vez de deixarem para a "vanguarda" fazer isso por eles. Essa mania de não se colocarem na linha de frente das lutas enfraquece o movimento e permite que o mesmo acabe sendo tomado por aproveitadores. Nós da OELI temos muito cuidado em evitar isso, não queremos ser os "donos" da ocupação, assim como não queremos que o mesmo aconteça no acampamento Maria Júlia Braga. É importante que todos os estudantes que tenham identificação com a luta por uma universidade melhor e mais próxima da sociedade estejam nessa luta conosco.